
O que é Cirurgia de Cabeça e Pescoço
A Cirurgia de Cabeça e Pescoço (CCP) é uma especialidade cirúrgica que trata as doenças relacionadas a glândula tireoide e paratireoide, glândulas salivares (submandibular, sublingual e parótida), nódulos cervicais (lipomas, cistos e linfonodos - as famosas “ínguas") e tumores (benignos ou malignos) da região da face, cavidades nasais, seios paranasais, boca, língua, garganta (faringe / amígdalas), cordas vocais (laringe), tecidos moles do pescoço e por fim os tumores de pele da região e do couro cabeludo.
Basicamente envolve todas os órgãos que existem na região da cabeça e do pescoço, mas com 2 exceções: da coluna cervical e do cérebro.
Dentre as cirurgias mais comumente realizadas pela especialidade, podemos citar as tireoidectomia (cirurgia da retirada da tireoide), traqueostomias, biópsia de linfonodos e nódulos cervicais, cirurgias de glândulas salivares, tumores da boca, faringe (garganta, amígdalas e base da língua), cordas vocais (laringe) e de pele.

Avaliação com Especialista
O atendimento médico é o passo inicial para qualquer tratamento, é neste momento que se inicia o vínculo médico-paciente.
A entrevista médica, conhecida como ANAMNESE, é uma etapa do atendimento extremamente importante para que o médico consiga fazer um diagnóstico mais preciso do paciente e definir como as queixas apresentadas deverão ser tratadas.
Os próximos passos a serem dados, como pedidos de exames, prescrição medicamentosa, acompanhamento em conjunto com outras especialidades e encaminhamento para cirurgia, dependem de uma boa condução da anamnese médica.
A consulta médica preferencialmente deverá feita de maneira PRESENCIAL para que seja complementada com a realização de exame físico direcionado para queixa do paciente e uma avaliação mais detalhada.
Hoje com os avanços da tecnologia, internet e telecomunicações podemos realizar a primeira etapa do atendimento de maneira remota com o advento da TELEMEDICINA é possível ser feita online por uma vídeo-chamada.
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A Glândula Tireoide
A glândula tireóide se localiza na região anterior do pescoço logo abaixo da laringe junto a traquéia.
Ela é responsável pela produção de alguns hormônios do nosso corpo, sendo o principal a tiroxina que controla o metabolismo do nosso organismo.
Existem alguns problemas que a tireóide pode apresentar em que é necessário realização de cirurgia para remoção, seja parcialmente ou dela por inteira, dentre eles os principais são:
- Bócio tireóidiano (Aumento da glândula)
- Nódulos tireoidianos
- Hipertireoidismo (Produção hormonal elevada)
- Câncer de tireóide
Muitas vezes o acompanhamento dos nódulos tireoiados e o controle do hormônio da tireóide pode ser feito junto ao endocrinologista, sem necessidade de cirurgia.

Câncer de Tireoide
Dentre todos os cânceres do corpo humano, o câncer de tireoide é um dos que apresenta uma das melhores respostas ao tratamento: 95% dos pacientes são curados.
É importante a detecção precoce do câncer através da realização do exame médico cervical, da ultrassonografia e quando necessário a biópsia (punção / PAAF).
O tratamento do câncer de tireóide na maioria das vezes é cirúrgico, com a remoção da tireoide, no entanto, cada caso deve ter um tratamento individualizado para cada paciente e para o tipo de tumor.
Existem 4 tipos principais de câncer de tireoide: o papilífero, o folicular, o medular e o anaplásico.
- O papilífero cresce lentamente e, quando é detectado precocemente na glândula tireoide, a taxa de cura fica próxima de 100%.- O folicular também tem alta taxa de cura (95%) se o tumor for pequeno e restrito à tireoide, particularmente em indivíduos mais jovens.
- O medular é menos comum e tem forte componente genético: ocorre em 5% dos casos e se estiver apenas na tireoide, o paciente tem 90% de chances de cura.
- Já tumores anaplásicos são agressivos, mas a boa notícia é que são muito raros.

Cirurgia de tireoide por vídeo "sem cicatriz"
Vocês já ouviram falar da cirurgia de tireoide por vídeo sem cicatriz?
A tireoidectomia transoral endoscópica por acesso vestibular (TOETVA) é uma técnica que ficou conhecida como a cirurgia sem cicatriz - "Scarless Surgery" - pois através dela é possível realizar a retirada da glândula sem a necessidade de fazer um corte na pele no pescoço e consequentemente sem a famosa cicatriz da cirurgia da tireoide.
Em 2019, tive a oportunidade de aprofundar os conhecimentos da técnica na Johns Hopkins Medicine, nos Estados Unidos, que com os cirurgiões que ajudaram a desenvolver e aperfeiçoar essa técnica inovadora: Dr. Ralph Tufano e Dr. Jonathon Russell.
Nem todos os pacientes podem se beneficiar dessa abordagem, pois tudo depende do tamanho da glândula tireoide e do nódulo tireoidiano.
Por isso, cada caso deve ser avaliado pelo especialista e ter seu tratamento individualizado.

Nódulos Cervicais (inguas)
Os nódulos cervicais, muitas vezes chamados de "caroço" ou "ingua" são queixas bastante comuns no consultório e podem ter diversas causas.
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Na maioria das vezes são linfonodos aumentados (gânglios de defesa) por uma inflamação/infecção da garganta, ouvido, couro cabeludo ou outras estruturas na região.
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Deve SEMPRE ser investigado pelo médico especialista, que irá avaliar a necessidade de biópsia para descartar problemas mais sérios, como a possibilidade de ser uma metástase de câncer da região (Tireoide, garganta - laringe e faringe, boca) ou um câncer do sistema linfático, o Linfoma.
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Outras causas para os nódulos cervicais são os CISTOS SEBÁCEOS ou LIPOMAS, tumores benignos cujo o tratamento é a retirada por meio de uma pequena cirurgia.
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Por último, existem também os CISTOS BRANQUIAIS e TIREOGLOSSO, mais comuns em adultos jovens, adolescentes e crianças, e estão relacionados à anomalias na formação embrionária.

Câncer de Garganta
O câncer de garganta (Orofaringe: garganta, amígdalas e base da língua) tem como principal fator de risco o uso de ÁLCOOL e TABAGISMO, aproximadamente 97% dos casos estão relacionados ao abuso dessas substâncias.
O tabagismo apesar na maioria das vezes estar atrelado ao cigarro é importante lembrar que narguilé, charuto, cachimbo e mascar tabaco (bastante frente na Índia e outra países asiáticos) também causam câncer de orofaringe e boca. Outro fator de risco que tem sido bastante estudado na última década é a relação com a infecção por HPV. Nos EUA acredita-se que tenha relação com 70% dos cânceres de orofaringe.
O tratamento do câncer de Orofaringe é feito através da Cirurgia, podendo ser feito com uso de LASER para minimizar a dor após a cirurgia e uma melhor cicatrização; alguns casos com radioterapia com associação a quimioterapia (sem necessidade de cirurgia) e nos casos mais avançados é necessário associar os três métodos.
A prevenção é a melhore maneira de reduzir o impacto desta doença, então use preservativo, evite o consumo de álcool e tabaco.

Câncer de Laringe
O câncer de laringe ocorre predominantemente em homens acima de 40 anos e é um dos mais comuns entre os que atingem a região da cabeça e pescoço. Representa cerca de 25% dos tumores malignos que acometem essa área e 2% de todas as doenças malignas.
O álcool e o tabaco são os maiores inimigos da laringe. Fumantes têm 10 vezes mais chances de desenvolver câncer de laringe. Em pessoas que associam o fumo a bebidas alcoólicas, esse número sobe para 43. Má alimentação, estresse e mau uso da voz também são prejudiciais.
A ocorrência pode se dar em uma das três áreas em que se divide o órgão: supraglote, glote e subglote. Aproximadamente 2/3 dos tumores surgem na corda vocal verdadeira, localizada na glote, e 1/3 acomete a laringe supraglótica (acima das cordas vocais).
De acordo com a localização e a extensão do câncer, ele pode ser tratado com cirurgia e/ou radioterapia e com quimioterapia associada à radioterapia.
Quanto mais precocemente for feito o diagnóstico, maior a possibilidade de o tratamento evitar deformidades físicas e problemas psicossociais, já que a terapêutica dos cânceres da cabeça e do pescoço pode causar problemas nos dentes, fala e deglutição. A laringectomia total (retirada da laringe) implica na perda da voz fisiológica e em traqueostomia definitiva (abertura de um orifício artificial na traqueia, abaixo da laringe).

Cisto Tireoglosso
É a anomalia congênita de linha média mais comum. Origina-se da permanência do trato tireoglosso, após a descida da tireóide até sua posição normal. O diagnóstico é feito até os dez anos de idade em cerca de 30% dos casos; entre dez e 20 anos, em 20%; entre 20 e 30 anos, em 15% e após 30 anos, em 35%.
A apresentação clínica é de um cisto / nódulo na linha média, na altura da membrana tireo-hióidea. Pode haver infecção do cisto simultânea a episódios de infecções de vias aéreas superiores. A formação de fístula é secundária à infecção do cisto.
A ultra-sonografia é o método utilizado para o diagnóstico, com cerca de 90% de acurácia. Em casos de dúvidas, pode-se utilizar a punção aspirativa para o diagnóstico diferencial. Este método propicia o diagnóstico correto em até 96% dos casos.
O tratamento de escolha é a remoção do cisto e de todo o trajeto até o forâmen cecum, pela operação de Sistrunk, que inclui a remoção da porção central do corpo do osso hióide. Sem esta medida o índice de recorrência é de cerca de 85%. Após a padronização da técnica citada, os índices de recorrência diminuíram para menos de 10%.